terça-feira, 31 de maio de 2011

Oficinas do Gosto na Virada Sustentável - Parque da àgua Branca

Neste final de semana vai rolar a "Virada Sustentável", uma iniciativa da prefeitura de São Paulo em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente - 5 de junho, e à Semana do Meio Ambiente, que segue.


 Muitas ações importantes ocorrerão por toda a cidade, e o Slow não ficou de fora; daremos nossa contrubuição ministrando "Oficinas do gosto", a convite da AAO, no Parque da Água Branca.
 Elas acontecerão no sábado (04/06) as 9h, e no domingo (05/06) as 11h.

 Para saber mais sobre a Virada Sustentável, acesse o site. A programação completa está disponível aqui, onde vc também pode selecionar a programação por categorias.

 Veja abaixo a programação completa dos eventos oferecidos por eles:


 Para maiores informações sobre a AAO, acesse o site

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Convite - Caminhada Ecológica


Convidamos todos os professores e universitários para participarem juntamente com os monitores do PEC-GO das futuras Caminhadas Ecológica. As cidades selecionadas foram São Domingos e Mineiro.
As datas são:

São Domingos – Parque Estadual Terra Ronca – Dia 04 e 05/06/2011. Saída dia  03/06 ás 23h na Praça Cívica. Valor R$ 170,00 incluso  - ônibus rodoviário, seguro de  vida, hotel, 02 almoços, 01 café da  manhã, guia, entrada no parque, cachoeiras, trilhas,  escaladas e cavernas. Certificado 25 horas aula.

Mineiros – Parque Nacional das Emas  – 11 e 12/06/2011. Saída dia 10/06 ás  23h na Praça Cívica. Valor R$ 160,00 incluso - ônibus rodoviário, seguro de vida, hotel,  02 almoços, 01 café da manhã, guia, entrada no parque, cachoeiras e trilhas. Certificado  25 horas aula.

O nosso objetivo é  levar até a população goiana a importância de preservar as  UNIDADES DE  CONSERVAÇÃO, através de informações locais, históricas e ambientais. (Número de vagas 40)
Ressaltamos que nas caminhadas iremos falar sobre a campanha do mergulho seguro.

Desde já o grupo PEC-GO e o Instituto Mover agradecem a todos pela compreensão.
Atenciosamente,
Davi Araújo Gonçalves
Coord. Geral do PEC-Go.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

II Semana de Sustentabilidade na Livraria Cultura


Dia 31/05 haverá mesa redonda com Cenia Salles do Slow Food São Paulo, Roberto Smeraldi, Camila da Silda da Associação Prato Cheio, Guilherme Carvalho da Sociedade Vegetariana Brasileira e Frederico Rizzo da Mãe Terra discutindo Alimentação Saudavel na Livraria Cultura do Shopping Bourbon das 19h30 as 21h30.

E no dia 02/06, quinta feira será a vez de Maluh Barciotte, do Viva Bem no Mundo que Você Têm mediando a mesa redonda sobre os impactos que o estilo de vida levado em uma grande cidade causa para a saúde individual, coletiva e do meio ambiente, e hábitos que devemos inserir e repensar no dia-a-dia a fim de manter o equilíbrio de corpo e mente.

Apareçam.

No site do Instituto Baraeté a divulgação está no seguinte link: http://institutobaraete.org/blog/nossos-projetos/semana-de-sustentabilidade/ii_ss-_2011/

No site da Livraria Cultura a programação está no link: http://www.livrariacultura.com.br/semanadasustentabilidade


domingo, 15 de maio de 2011

Crônicas de Viagem 2 - MARIDO ITALIANO

De passagem pelo consulado brasileiro em Milão por causa de um passaporte roubado, eu aguardava na sala de espera enquanto minha prima era atendida na triagem e depois em entrevista com o diplomata que resolveria o problema. Impedida de planejar qualquer atitude ou horário – a única coisa que sabia era que o expediente terminaria às 14 horas – fiquei observando o vai e vem das pessoas nesse território brasileiro na Itália.
Casais com crianças, sem crianças, homens e mulheres sozinhos, de idades variadas, nenhum idoso. Chamavam a atenção as várias moças com longos cabelos claros e porte de passarela, calçando sapatos de saltos altíssimos e vestidas de preto como convém ao outono milanês, que circulavam com muita naturalidade pelos diversos espaços.
Uma das mulheres jovens, vestida com simplicidade, sentou-se ao meu lado e, confessando o desejo de ouvir e falar português, disparou a contar que mora em uma das cidades do entorno de Milão, mais próxima ainda das montanhas, onde vive com o marido e os sogros, está aprendendo a falar e a viver em italiano e onde o frio já provoca sérias dores em seus joelhos.
Marly volta da entrevista e as três fazemos as apresentações. Ela se chama Antonia, nascida em Guarulhos, SP. Trocamos informações sobre os serviços do consulado que estamos aguardando. Contamos detalhes do passaporte furtado em Turim e ela mostra o maço de documentos que traz numa pasta plástica para obter o registro da sua certidão de casamento na Itália. E a conversa vai além: como conheceu seu marido? Pela Internet, ela responde, o que aguça nossa curiosidade.
Antonia é chamada pelo atendente da triagem e ela nos deixa sem continuação. Em cinco minutos volta e diz que vai até a rua, pois foi informada de mais demora e não sabe se o marido está disposto a esperá-la ou se terá que voltar no dia seguinte para concluir o registro. Ficamos as duas às voltas com uma informação pela metade, já que nenhuma experiência temos de relacionamentos via digital.
Já estamos com pena da moça. Ela ainda não fala italiano e já não fala português. Está no meio do caminho, sofre as conseqüências do frio dos Alpes e vive com a sogra. Todo descendente de italianos sabe como é forte a presença de uma sogra, que se defende dizendo que é mamma, que quer sempre o melhor para o seu bambino! E a nora tem que ser portadora do maior amor do mundo e desenvolver o mais alto grau de paciência e tolerância para conseguir levar seu casamento adiante. Sabemos as duas quanto nossas mães tiveram que agüentar da nonna.
Ela retorna, dizendo que o marido preferiu esperar para resolver tudo naquele dia. Então minha prima foi direta na pergunta chave: como foi conhecer sua sogra e como é viver em sua companhia? Antonia nos conta, então, a trajetória do seu encontro com o marido em um site de relacionamento na Internet há dois anos. Depois de seis meses conversando pelo computador, ele a convidou a ir à Itália para conhecer seus pais e irmãos. Ela foi, passou quatro semanas com eles e voltou para Guarulhos. No ano seguinte foi a vez dele viajar para conhecer sua família, com quem passou também algumas semanas. E finalmente planejaram o casamento na sua cidade italiana onde moram com a família de origem dele, enquanto ela deixou a sua para trás junto com o inacabado curso superior de radiologia médica. Agora tem autorização para falar com a família brasileira pelo Skype uma vez por semana.
Não houve tempo para conhecermos mais detalhes desse romance moderno, em que as cartas e telegramas foram substituídos pelas palavras e imagens do ambiente cibernético. Era fundamental conseguirmos concluir o processo da autorização para continuar a viagem, que implicou em correr à estação do metrô onde havia uma cabina de fotos automáticas, enquanto Antonia obtinha o registro na sua certidão de casamento, ia embora com o marido, e o consulado encerrava o expediente daquele dia.
Fevereiro, 2011.
*texto escrito pela querida Dalva Bolognini, membro do nosso Convívio, após sua viagem à Itália em novembro de  2010.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Festival do Cambuci

"Cambuci? Você nunca comeu? É uma delícia!! Parece uma jabuticaba... só que maior e sem a semente..."



Essa foi a definição que eu ouvi uma vez da Fab, e depois, eu adotei. Uso sempre, mas faço ressalvas: parece jabuticaba por dentro; por fora, é bem diferente... é maior, verde e aveludada, com formato de disco voador. Tem várias e pequenas sementes misturadas na polpa, mas elas são discretas e podem acabar passando despercebidas. Apesar do sabor estar entre jabuticaba e pitanga, é bem mais ácida. Pra mim é deliciosa, de fato. Mas confesso que boa parte das pessoas não tem o apreço que tenho pelo azedo, e acabam a degustação numa cara torta e repuxada.

Cresci ouvindo minha mãe e minhas tias lembrarem saudosamente das tardes que passavam pegando cambuci pro meu avô colocar na pinga. Minha família é de São Bernardo, e por lá, tinha de monte! Típica da Mata Atlântica, é daquele climinha de serra que o cambucizeiro gosta, e antigamente, era muito encontrado em quintais. Hoje, quase não tem...

 Seu nome científico é Campomanesia phae, e pertence à família botânica das Mirtáceas, sabe? Aquelas árvores que tem o tronco todo manchado, liso e resistente, como as goiabeiras, araçazeiros, pitangueiras e  jabuticabeiras. Ocorrem nos estados de SP, RJ e MG; não são muito abundantes, mas são muito diversificados, tendo grande quantidade de variedades ainda não catalogadas, com coloração que vai até o amarelo-esverdeado, com tamanhos variados e diferentes proporções de azedo, doce e amargo - pois é, alguns deles amarram bastante a boca!

 Por isso, quase não se come a fruta colhida do pé,  mas sim, na forma de sucos, geleias, compotas, sorvetes, cremes, bolos, musses... ou ainda, usados para se fazer molhos, acompanhando carnes, massas e salgados, sem contar da grande variedade de bebidas alcoólicas: licores, cachaças, frisantes e outos tipos de fermentados.

No final de semana passado, em visita ao VIII Festival do Cambuci de Paranapiacaba, fiquei boba de ver a enorme variedade de delícias prontinhas para serem devoradas. A gente até se perde, come e bebe muito mais do que deveria. No antigo mercado, expositores de todos os municípios participantes da Rota do Cambuci levaram seus produtos, e recebia a gente com muita simpatia. O sorvete e o licor do pessoal de Mogi foi sensacional! A geleia e o Ice (bebida alcoólica fermentada) da CooperCambucy são maravilhosos e as trufas e os bolos de chocolate com recheio de cambuci espalhados por diferentes banquinhas, no festival... todos deliciosos.

o charme de Paranapiacaba

 Mesmo não sendo uma árvore grande (costuma ter entre 5 e 9 metros), a produção de frutos é grande, e ocorre entre janeiro e maio. Nos meses seguintes, ainda encontramos as frutas congeladas diretamente de produtores, como no Sítio do Bello, na feirinha da AAO ou na CooperCambucy (cambucydaserra@bol.com.br), importantes parceiros do Slow. Já os os produtos processados são encontrados o ano todo.

A Rota Gastronômica do Cambuci continua até agosto:
6o Festival de Rio Grande da Serra - 13, 14 e 15 de maio
4o Festival de Salesópolis - 27, 28 e 29 de maio
3o Festival de Paraibuna - 23, 24 e 15 de junho
1o Festival de Mogi das Cruzes - 20 e 21 de agosto
O fechamento acontece no mês de outubro, com um encontro no Mercado Municipal de São Paulo.


Para receitas e maiores rmações, consulte:

domingo, 1 de maio de 2011

Passado Semente Futuro

Se pensarmos que a agricultura surgiu há cerca de 10 mil anos, não é difícil imaginar que o conhecimento humano acumulado nesse tempo nos tenha fornecido uma infinidade de variedades de plantas úteis, sejam para comer ou para tantas outras atividades resultantes de derivados da agricultura.

Porém, atualmente, por mais que haja conhecimento técnico a respeito da necessidade de agrobiodiversidade, ainda comemos (e consequentemente produzimos) cada vez menos tipos diferentes de plantas. Isso porque o mercado pressiona e essa produção é voltada mais à quantidade do que a qualidade. A invenção da agricultura moderna criou monoculturas imensas que se extendem por municípios inteiros, desajustando processos naturais e gerando vários problemas que acabam sendo bons apenas para bem poucos.

Se fizermos compras num mercado teremos a falsa impressão de diversidade, tamanha as cores e embalagens que trazem em seu conteúdo a mesmice em grande escala. São os mesmos derivados das mesmas plantas, os mesmos aditivos químicos, as mesmas transgenias.

Mas quando começamos a procurar alimentos bons, limpos e justos, condizentes com conhecimentos locais, "descobrimos" uma diversidade fantástica de plantas cultivadas que sobrevive graças a esforços de agricultores, instituições e outras pessoas que ainda prezam em manter vivas tais tradições culturais.

Muitas comunidades como ribeirinhas, quilombolas, indígenas e de assentados produzem há gerações linhagens de plantas que não objetivam a lógica de mercado e portanto não visam a pureza ou a uniformidade, mas outras tantas características úteis às suas realidades, principalmente sua subsistência. 

A essas sementes cujas plantas, geração após geração, foram produzidas e reproduzidas por agricultores de comunidades tradicionais, chamamos de crioulas. Semente crioula é um termo que se refere não só a sementes mas também outras partes utilizadas na propagação vegetativa como tubérculos.

O vídeo abaixo, rodado durante a 1ª Feira Estadual de Troca de sementes tradicionais e crioulas, no Tendal da Lapa, mostra um pouco, mas de maneira sublime, a importância desse legado cultural agrícola que por lutar muito para sobreviver e ser reconhecida como merece, já colhe alguns bons frutos.

Passado Semente Futuro é um vídeo do Resgate Cultura, direção do slowfoodie Adolfo Borges.

Em defesa da refeição

"O fato de alguém ter necessidade de armar uma defesa da refeição é triste, mas tampouco teria me ocorrido que a comida precisasse de defesa. A maioria dos leitores há de se recordar das vantagens de comer uma refeição sem precisar que eu insista  muito nisso. É à mesa de jantar que socializamos e civilizamos nossos filhos, ensinando-lhes bons modos e a ar te da conversação. À mesa de jantar, os pais podem determinar o tamanho das porções, dar o exemplo de como se come e como se bebe e impor normas sociais sobre gula e desperdício. As refeições compartilhadas  são muito mais que abastecimento de corpos; são instituições singularmente humanas nas quais nossa espécie desenvolveu a linguagem e isso que chamamos de cultura. Preciso continuar?

Tudo isso é tão bem compreendido que quando os pesquisadores perguntam aos americanos se eles jantam em família na maioria das noites a resposta é um retumbante sim - e uma retumbante mentira. De fato, a maioria das famílias  americanas hoje diz jantar em família três ou quatro noites por semana, mas mesmo essas refeições têm apenas uma semelhança mínima com o ideal de Normal Rockwell. Caso seja instalada uma câmera no teto das cozinhas e das salas de jantar das famílias americanas típicas, como os especialistas em marketing das maiores companhias de produtos alimentício já fizeram, rapidamente se descobrirá que a realidade do jantar em família diverge substancialmente da imagem que temos. A mãe talvez ainda cozinhe algo para ela e sente à mesa um pouquinho, mas estará sozinha a maior parte do tempo. Isso porque o pai e cada um dos filhos preparam um prato completamente diferente para si, "preparar" nesse caso sendo sinônimo de esquentar um prato pronto no microondas. Cada membro da família pode, então, se unir à mãe à mesa pelo tempo utilizado para comer,  mas não necessariamente todos ao mesmo tempo. Tecnicamente, esse tipo de alimentação conta como jantar em família nos resultados das pesquisas, embora seja difícil acreditar que exerça  todas as funções costumeiras de uma refeição compartilhada. A Kraft e a General Mills, por exemplo, agora estão determinando o tamanho das porções, não a mãe, e o valor social de compartilhar o alimento está perdido. O processo é muito mais parecido com uma refeição em restaurante, onde todo mundo pede o próprio prato. (Embora o serviço não seja tão bom, porque os pratos não chegam ao mesmo tempo.) Naturalmente, as pessoas tendem a comer mais quando conseguem exatamente o que desejam - que é exatamente o motivo pelo qual as grandes empresas de produtos alimentícios aprovam essa refeição familiar moderna e fazem tudo o que estiver em seu considerável poder para estimular isso. Assim, vendem diferentes tipos de pratos para cada membro da família (poucos carboidratos para o adolescente que faz regime, pouco colesterol para o pai, muita gordura para o menino de 8 anos e assim por diante)  , e elaboram esses "substitutos de refeições caseiras", como são conhecidos no ramo, de modo que mesmo a criança de 8 anos pode aquecê-las no microondas com segurança."

trencho de Em defesa da comida, de Michael Pollan. p.204-5